terça-feira, 29 de junho de 2010

O céu

Garotas e solidão,
duas coisas necessárias
que nos fazem miseráveis,
assim como
sobriedade e álcool.

Meu corpo chora
às 5 da manhã,
minha alma pede mais,
essa bandida
ingrata.
Lábios secos,
estômago ácido,
garrafas vazias,
estragos.

O sol brilhando, ilumina a culpa,
o céu azul, imenso,
guarda um lugar pra
coisas boas, para
segundas chances.

Respiro e
mergulho
no azul do céu.
Ele reflete a alma,
comporta o suspiro de vida que nós somos.

O céu
denuncia nossa insignificância
e ainda assim, é
bom,
necessário como
a respiração de nossos peitos

O céu não é nada além de
ar,
distância,
beleza,

ou seja,
é tudo
que não é,
assim como o que nós somos
fora o corpo.

O céu está lá,
apesar de não estar,
pros puros,
pros cães,
pros bêbados,

imenso,
azul,
e confortante.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Ruas, noites, tragos e os outros

Olho para os livros
que eu devo ler.
Olho para o computador,
para a televisão. Não há nada.
Então me deito e ouço um pouco de música
por mais umas duas horas. E o dia foi
assim.
E antes.
Me sentindo totalmente perdido
bem no meio da minha cama.
É noite.
Saio com uma garrafa de vodka
que deixaram aqui outra noite. É boa.
De marca. Tem ainda 1/4.
Dois malandros,
ao avistar a garrafa um deles grita:
E aí irmão!
Eu não respondo, eu sei o que eles querem.
Eu não lhes darei nada, eles podem vir tentar pegar
se quiserem.
Eles desistem,
eu não ligo.
Haverão outros em duas quadras.
Eu também não ligarei.
Bebo.

A noite é longa, tenha isso em mente

Bem, em casa não é possível
estar pra sempre,
então saio para um bar,
é noite,
eu levo uma
garrafa de vodka pela metade,
que alguém esqueceu
aqui,
Natasha.
Ganho as ruas,
eu conheço as esquinas.
- Hei mano - grita um
maloqueiro do outro lado da rua.
Eles vêm em dois,
querem um gole
ou uma moeda
ou qualquer coisa que puderem
levar.
Eu só digo um "não", num tom
mais grave
e fica tudo
por isso mesmo.
Eu não os culpo nem nada,
mas se eu me abaixar para os
primeiros
que aparecerem,
não sobrará
nada de mim,
antes
do final.

O hábito do tédio

Somos eu e as paredes,
e o computador é o meu robô que
simula tudo.
Ouvir música à essa altura já não é agradável,
prefiro velar o silêncio.

Deitado ouço os ônibus
à cada quinze minutos,
e carros e motos diminuem
conforme a noite avança,
ouço meu próprio eco na casa,
e na cabeça.

Penso nos bares,
penso nas garotas,
penso se faria diferença.
Penso em uma tarde bêbada com os camaradas,
Penso em Arthur Schopenhauer
e Charles Bukowski.

Penso
- Que se dane! Os bares estão
bem perto e cheios de gente
hoje,
não custa nada
dar uma olhada.

domingo, 20 de junho de 2010

Versos

Pouco me importa
Tudo.
Muito, me importa
Pouco.
Você me importa
Muito.
Tudo que importa,
Nulo.
Pouco me importa
Muito.

Bato em sua porta,
Muito.
Responde minhas chamadas,
Pouco.
Beber com os camaradas,
Muito.
Fingir que me importo
Pouco.
Fugir pra onde eu seja
Nulo.

Professora

Professora,
não pude fazer o artigo
que pedistes,
nem vir à algumas aulas,
nem fazer as provas.
Não pense que foi por nada.
Não fiquei com
preguiça ou
procrastinando.
Aqui, escrevi todos esses
poemas.
Não são para a senhora,
e talvez não lhe agredem,
todos,
mas são de coração.

A coisa

A preguiça me insentiva
a sair de pijama pela vizinhança
pra comprar alguns suprimentos.
A mulher do bar da esquina vende
vinho Molon e uma cachaça chamada
Chinoca Minha, litros e litros. E tem
as unhas pintadas na sequência:
uma verde, uma amarela.
Umas pessoas se reúnem por esses lugares,
por todos os lados,
e assistem a jogos de futebol e bebem.
Em algum lugar estão produzindo
televisões enormes
em quantidades enormes
e litros e mais litros
de coca-cola, de cerveja,
e nos vendem essas coisas
a todo o momento, em toda a parte.
E na televisão estão vendendo televisões,
mais televisões,
televisões maiores.
A gente toda reunida da risada.

domingo, 13 de junho de 2010

Assassínos de aluguel

Crianças, jovens e adultos.
Garantimos discrição.

Não pense muito, nós já o fizemos.
Está nas bibliotecas.
Não perca tempo com bobagens,
Olhe no índice, pegue só o que importa.

Consciência tranqüila.
Não é por maldade nem por prazer.
Nós simplesmente nascemos

com a consciência limpa.