domingo, 31 de outubro de 2010

Ensaios pós-namorísticos


Apresento hoje 3 ensaios de uma série com a temática "pós-namoro".

(Trilha sonora recomendada: Kid A - Radiohead e How to desapear completely - Radiohead)
 
[Sem titulo]

É uma tatuagem que deu errado, ou mais, membros amputados.
- É filho, a sua coluna não funciona mais, você sobreviverá, sem as pernas.
Você sabe das conseqüências.
O mundo segue. O céu ainda é azul, profundo e lindo, mas sua disposição de espírito falha.
É trágico.
Um animal ferido abandonado à intempérie.
É o nosso amor ferido e abandonado por nós.
Em breve será outro mês e depois outro ano, e pro mundo será como se ele jamais tivesse existido, e só nos restará uma mágoa, um sem-volta.
Caiu e rachou, nós escolhemos não juntar, não consertar.
O fim devia ser como uma bomba, algo irreversível, que acabasse com tudo, mas é uma dor que dura, e que volta, um remorso, angústia.
A agulha mais fina dói como a brasa mais quente.
Esqueço e sigo, mas sempre sou pego nesta armadilha metafísica dos meus sentimentos que é inquebrantável pela razão.



Saudades numa tarde

Assistindo um filme no pc. O celular chama. Pára o filme e vai atender. É só um amigo. Queria saber um número de telefone. Certo. Tchau. Deita-se na cama. O sol bate nas janelas fechadas. O som de um ônibus que passa lá fora, na esquina, anuncia que o mundo continua. O mundo não espera sua ferida curar. Pensa bem e vê que tudo vai estar bem de qualquer jeito. Se der e se não der, um jeito vai ter que se dar. Se não, tudo bem também. O jeito que for será um jeito, pois o jeito se dá. Assim ele tenta se consolar. Mas logo a coisa se repete: “Do jeito que ta, não da.”
Essa dor não é como uma chama: avassaladora. É como uma brasa, que queima sempre. Que dura. E dura. Arde. Quieta e silenciosa. Ele esquece da brasa, mas a brasa é só o que sobra quando o silêncio soa. Quando se encontra consigo mesmo, vê que o seu si esta enfermo.
Pensa nas coisas que divertem e nada é desejado. Está enfermo. Não quer remédio, não quer cachaça, não quer ver o amigo, não da bola pra moça que se engraça.
Tenta dormir, mas há travesseiros demais na cama e uma pessoa a menos.
Quando pensa e percebe que são lamentações pára: “Lamentações, que vergonha! Ou se age ou não se lamenta”. O dia já começou. Que que se vai fazer? A ausência dela é uma presença forte entre ele e a solidão. Entre ele e a multidão. Em qualquer lugar, tudo lembra. “Não vai ser bom” – ele pensa, “o que quer que aconteça”.
 

Um fantasma

Criei este fantasma aleijado e a dor dele é a minha. Ele me assombra, este espírito que vaga perdido, é como um filho que abandonei. Por mais que repita que não há culpados, que as coisas são assim mesmo, não parece certo, nem bom.
Não acaba com a vida, ela segue, mas, torna alguns momentos miseráveis. E o que se vai fazer?
Assombra-me o fantasma terrível de um amor que não teve jeito, um amor que insiste em existir mesmo que não funcione.


quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Morrostock 2010


O dia amanheceu diante de mim.
O festival de rock ainda ia durar dois dias.
Estava no meio do campo, minha barraca havia inundado com a chuva, não haveria onde descansar, cobertores e roupas molhados.
Sentia-me fraco e desamparado.
Não parecia haver grandes perspectivas.
Pensei nos caras que vivem na cidade sem um teto.
Resolvi não me deixar abater, levantei e fiz de conta que não era nada, estendi minhas coisas ao sol e segui.
Às onze da manhã de sábado minhas coisas já estavam secando e eu já estava novamente no clima do festival, algumas pessoas recém acordavam para ver todas as suas coisas molhadas. Eu já não era a maior vítima da chuva. Já estava bem adiantado até, com as coisas secando e a barraca limpa enquanto a maioria recém desentocava.
Fiz mais amigos.
À noite bebi absinto em volta de uma fogueira.
Um cara dormiu no chão, na grama molhada, no frio, muito bêbado, vomitara, achei que ele fosse morrer ou algo assim, depois ele sumiu, os amigos dele ficaram apavorados, e mais tarde ele apareceu conversando com uma garota.
Maconha, álcool, lsd... Havia de tudo.
Várias pessoas tinham ido sem conhecer ninguém por lá. As pessoas eram simpáticas e solidárias. Ninguém parecia ter preconceitos.
Foi uma pena ter encontrado com a garota que foi para fazer par comigo só no último dia. Nos conhecemos lá pelas três da tarde. Ela se parecia com a Regina Spektor. Estava saindo de perto de uns amigos e andava como se me esperasse, apressei o passo até ficar lado a lado com ela.  Então, andando, eu disse:
- E aí, tudo bem.
Ela respondeu que sim, me pareceu simpática.
- Conhece uma cantora chamada Regina Spektor?
- Não.
- Nossa! Tu é muito parecida com ela.
Sorrimos e seguimos e conversamos. Sentamos sob a sombra de uma árvore e ficamos ali. Achava ela linda. A tarde seguiu tranqüila.
Todas as bandas, todas as pessoas, e até as dificuldades, tudo foi ótimo.
No fim o Júpiter cantou sobre como aquele Lugar era Do Caralho. Foi bonito todos cantando juntos com ele uma Canção pra Dormir, foi um símbolo das coisas boas que uniam toda aquela gente.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Defeito Especial






A gente estava acampando em um lugar muito massa, cachoeira paraíso, uma pedra enorme, da altura de um prédio de uns 3 andares com uma cachoeira escorrendo por cima, e acho que bati minha camera e ela ficou com um defeito especial onde uma onda de energia, ou algo do tipo, ficava cruzando a imagem.O bom, eu acho, é que durou pouco e logo ela voltou ao normal, pelo menos consegui tirar algumas fotos. Aqui apresendo algumas edições que fiz em duas imagens desse dia. Essas são fotos das fotos que revelei.


quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Júpiter Maçã em Pelotas 25/08/10

Ontem fui ao show do Júpiter Maçã. Flávio Basso. Conheci o trabalho dele com o que, doze anos de idade? Na banda Cascavelletes. Aquilo foi a perfeição da música pra mim durante anos. Muitos anos. Rock and Roll. Sexual. Divertido. Os caras sabiam fazer um som melhor do que ninguém. Levei muitos anos pra conhecer o trabalho solo dele, sob o nome de Júpiter Maçã. E mais um tempo pra assimilar e curtir. Porém, depois que comecei a gostar passei a achar o Cascavelletes mais infantil. O som do Júpiter é mais maduro, psicodélico, sagaz, irônico e agradável.
A primeira vez que eu o vi tocar ao vivo foi em 2009, eu acho, aqui em Pelotas. Com o Thunderbird no baixo. Eu não sei direito quem é o Thunderbird, mas costumava ver ele na MTV anos atrás, e ouvi, não sei onde, que ele participou de várias bandas true. Enfim, lá estávamos nós, na cervejaria, uma antiga fábrica que agora é local de eventos. Festas. Grandes. Todas as pessoas da, digamos assim: “cena rock/alternativa” de Pelotas estavam lá. O que não é grande coisa, ainda assim, é a parcela da população daqui que gosta de rock. Haviam pílulas, pó, fumo, cerveja e vodka barata, por toda a parte. O show atrasou umas 3 horas, depois o Júpiter chegou com a banda, muito bêbado, velho comparado com as fotos em que eu tinha visto ele, até aquele dia, mas com muita presença de palco. A voz também já não era mais a mesma, mas ainda assim foi um show do caralho. Curto, mas, do caralho!
Um ano ou mais ou menos isso depois, ontem, fui de vê-lo novamente. Eu e minha namorada, a mesma que foi comigo no primeiro show. Sem dinheiro, sem bebidas, numa quarta-feira, sendo que ela tinha que ir pra São Lourenço pela manhã, bem cedo, para trabalhar. Dessa vez o show ocorria num bar que fica quase em frente a universidade católica. Particular. Zona preenchida pelos playboys. Uma cerveja $5. Entrada $15. O show atrasou de novo, mas dessa vez tínhamos pressa. Só queríamos ver o Júpiter, mas antes tinha uma banda que ia abrir pra eles. Divergência. Até que curti o som dos caras, eles sabem dar ritmo à música, sabem trocar de ritmo no meio da música. O vocal grita bem. Afinado. Mas fiquei com a impressão de que as letras não prestavam. E tocaram covers demais. Demais.
Tudo piorou quando o Júpiter chegou. Com a mesma roupa do show na cervejaria. Um casaco estilo de banda marcial. Algo montado. Fiquei com aquela impressão de estar sendo passado pra traz. Ele parecia sóbrio. Gordo. Fiquei olhando pra ele, decepcionado. Procurando o Júpiter ideal, por traz das músicas que eu ouvi por tantos anos. Havia uma criançada na fila da frente, perto de onde estávamos, e eles ficavam tirando fotografias com suas máquinas digitais, com flashs, sem parar, sem respeito. Eu olhava para o júpiter, com seu tórax enorme, barriga, poucos cabelos, ignorando tudo aquilo, se esforçando, se contendo. Pode ser que fosse paranóia minha, mas fiquei com essa má sensação de que ele e aquelas pessoas estavam conseguindo acabar com tudo, ele ali se vendendo pras crianças, tendo que tolerar tudo aquilo. As músicas simplesmente não tinham significado algum. Eu não conseguia sentir prazer em ouvir as canções daquela voz desafinada, pra aquelas pessoas. Um cara com uma barba grande, alargadores nas orelhas, um estilo assim como o Jimi do Matanza, motoqueiro, sei lá, pseudo-machão, ficou bem na frente do palco, se escorou, deitou pra trás fazendo uma expressão que penso que ele supunha ser uma “cara de mau”, ou algo assim, e bateu uma foto com sua câmera digital de 10 mega pixels, e flash, da sua expressão séria de malvado, com o Júpiter atrás de si, “olha como eu sou mau com o Júpiter atrás de mim, eu vivo loucamente”.
Depois de umas 5 ou 6 músicas eu e ela resolvemos sair de tão de perto do palco, as pessoas nos empurravam e o som era muito alto pra um lugar tão pequeno. Fomos mais pra trás, bem mais pra trás. Dois caras, um grande e alto, maior que eu, e um médio. Os dois muito bêbados, o mais alto e mais irritante com uma cara de “moro com a minha mãe até hoje, ela aprova tudo o que eu faço mesmo eu sendo um idiota; absorvi todos os preconceitos machistas do meu pai; não sei nada sobre tratar as pessoas com dignidade ou respeito”. Ele gritava ao final de cada música, coisas como: “Filha da puta!” Ou “vai se foder!” Ou “namorado!” Essa última eu não sei o que significava na cabeça dele. Mas ele repetia muito. O médio estava mais bêbado, acho que ele não conseguia perceber quando uma música começava ou terminava e só gritava após o alto gritar. Não dizia nada de mais, apenas olhava pro Júpiter e urrava insanamente. Em seguida a banda começou a tocar “querida superhist” se eu não me engano e no meio do negócio o Júpiter estimulou o pessoal a bater palmas num ritmo, fazendo a percussão da música e tudo. Os dois macacos, o alto e o médio, batiam palmas como zumbis. O pior de tudo é que estava evidente que eles e muitos outros sequer sabiam quem era o Júpiter ou o que diabos acontecia ali.
Saímos antes to término é claro. Ela chateada por serem já 3pm e eu decepcionado com tudo. Falei pra ela um pouco disso tudo que eu disse aqui:
- Não era pra ser assim, ele devia estar num banco ou algo assim, tocar as músicas com algum sentimento, pra uma galera que soubesse apreciar. E não querer parecer jovem e ativo e gay e cool e style pra criançada.
Pude ver que ela concordava um pouco comigo pela expressão facial.
- Tu não gostou de nada mesmo?
- Eu estou triste e decepcionado.
- Tu ta ficando velho.
- Prefiro ser velho a compactuar com isso que eles estão fazendo. Prefiro ficar em casa. Vou gastar todo o meu dinheiro numa internet, tu vai ver.
- Tu precisa de internet mesmo.
- Outra coisa, ele ficou cantando muitas do Plastic Soda.
- É. Eu gosto mais do júpiter bossa, maluco, psicodélico e brasileiro.
- Eu reafirmo que esse negócio de fazer letra em inglês é coisa dessas pessoas, tipo esses caras do death metal, que se acham os malvados, que fazem umas letras ridículas, infantis, sobre ódiozinho e morte, e que nem o próprio bom senso deles os deixa dizer, cantar, essas porcarias, em português, por que eles sabem que todo mundo riria. Eles sabem que é ridículo.
Nós fomos pra casa e dormimos. Sair de lá foi bom. Não sentir pena do dinheiro dos ingressos foi bom. Ir pra casa e descansar foi bom. Nossas roupas, cabelos e peles fediam a fumaça de cigarros, com todas a 4000 substâncias tóxicas e conservantes, o que sempre me lembra o cheiro de veneno de barata. Nenhum de nós dois fuma.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Vendo uma alma semi-usada. Frete grátis. Depósito bancário, Cartão ou Boleto.

Obcecados, loucos, desatinados, esclerosados...

“PORRA! CARALHO! CHEGA!”
É o grito. Mas não grita.

- Simples assim?
- Claro, simples, por que é conveniente oras.

Obcecados, maníacos, deprimidos, movidos ou parados à pílulas... ou álcool.

- Ah merda, que tédio.
Na televisão: tédio.
Na rua: tédio.
Em casa: tédio.
No trabalho: falta de significado e de perspectivas.
No rádio: nem te respondo.

- Pra onde foram as coisas interessantes da vida?
- Bem, primeiro você colocou todos os seus ideais nas suas projeções futuras, ou sonhos e planos, como você as chamava.
- Hum, lembro. Nossa! Como eram lindos.
- Eram não é?
- Sim, ainda brilham, mas se tornaram inatingíveis. O que houve?
- Bem, depois você trabalhou por eles, o que te desviou deles como objetivos centrais. O trabalho acabou tomando o lugar deles.
- Sim, lembro.
- Depois vieram os filhos e tomaram aos poucos o lugar dos seus sonhos.
- Sim, mas eles eram lindos também.
- É. Eram sim. O que acha deles agora?
- Prefiro... prefiro não falar sobre isso num momento tão delicado.
- Sei.

Malucos obsessivos, disléxicos, abobados, ignorantes...

Fiscais, donas de casa, empresários, vendedores, operários e funcionários em geral. Ah porra, a cidade toda duma vez.

- E esse buraco no seu peito?
- Não sei.
- Como assim?
- Ah, ele apareceu aí mas não faz nada demais.
- E não dói.
- É só dor.
- E não atrapalha pra trabalhar.
- Um pouco, mas aí quando eu chego em casa finjo que ele não existe olhando pra tv.
- E funciona?
- Às vezes é foda. Aí tenho que encher a cara ou foder um pouco. Antigamente eu ligava pra alguém da família ou olhava fotos, mas isso não funciona muito bem.
- Já tentou passar um pouco de alegria?
- Ninguém vende isso!

quarta-feira, 21 de julho de 2010

A poesia

A poesia voltou.
Eu procurei por ela nas últimas semanas.
Nas últimas coisas que eu tinha escrito.
Nas páginas e páginas sem sentido do caderninho vermelho.
Procurei por ela no meio de um
monte de pensamentos confusos,
pelos dias...
Mas ela sempre me abandona em meio à
preocupações.
Ela voltou hoje de manhã,
quando eu parei de procurar
por ela,
por ELA,
por qualquer coisa,
depois de dias,
quando eu finalmente
relaxei.

Chove e faz frio aqui no sul,
e eu num banho quentíssimo,
ao meio dia,
ela voltou
pra mim.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Divagando, porque ditirambo é coisa do álcool

As pessoas são uma merda.
Eu também.
Pior é que dava pra fazer as coisas
direito.
Mas é só alguém abaixar a guarda
e lhe virá um soco na boca, ou no
estômago, de onde menos
se espera.

Onde estão as garotas que prestam?
Mulheres não sabem nada sobre beleza,
homens não sabem nada sobre amor.
Mulheres de batom sempre me lembram
macacas.
As vezes me entendo como sofredor,
daí me levo a pensar em pessoas
com problemas de verdade.

De qualquer forma não acho que as coisas
vão bem. Nem pros que dormem agora
aquecidos e alimentados, que gozam com rabos
de academia.
Fartura de uns é a miséria de outros.
Quando acho que já sei alguma coisa
cometo um erro de principiante.

Preciso arranjar um lugar onde eu possa
deitar a noite
e encarar as estrelas,
nos olhos,
uma por uma.

Já me disseram - Você tem tudo, não vê? -
Só pode ser isso porra!
Por isso que eu me sinto tão vazio: não sabemos
dar valor à nada que possuímos.

Viva a música, as estrelas, a idéia de beleza,
os mares, os canyons, Angelina Jolie com 20 anos,
Beethoven, a morte e todas essas coisas que jamais
se poderá possuir.

Definitivamente,
as coisas soam melhor quando bebo
antes de sacudir essa
caneta.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Meu Arcade

Inverno.
Hiberno.
Na falta.
Video-games.
Derrepente o sol.
O calor.
Energia.
O televisor
me passa a missão:
Trabalhar em algo,
batalhar grana,
saquear se for preciso,
pra salvar as milhões
de latinhas
de cerveja
espalhadas pela cidade.
Ouço-as gritando por mim,
eu devo ir.
Não sei se volto.

terça-feira, 29 de junho de 2010

O céu

Garotas e solidão,
duas coisas necessárias
que nos fazem miseráveis,
assim como
sobriedade e álcool.

Meu corpo chora
às 5 da manhã,
minha alma pede mais,
essa bandida
ingrata.
Lábios secos,
estômago ácido,
garrafas vazias,
estragos.

O sol brilhando, ilumina a culpa,
o céu azul, imenso,
guarda um lugar pra
coisas boas, para
segundas chances.

Respiro e
mergulho
no azul do céu.
Ele reflete a alma,
comporta o suspiro de vida que nós somos.

O céu
denuncia nossa insignificância
e ainda assim, é
bom,
necessário como
a respiração de nossos peitos

O céu não é nada além de
ar,
distância,
beleza,

ou seja,
é tudo
que não é,
assim como o que nós somos
fora o corpo.

O céu está lá,
apesar de não estar,
pros puros,
pros cães,
pros bêbados,

imenso,
azul,
e confortante.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Ruas, noites, tragos e os outros

Olho para os livros
que eu devo ler.
Olho para o computador,
para a televisão. Não há nada.
Então me deito e ouço um pouco de música
por mais umas duas horas. E o dia foi
assim.
E antes.
Me sentindo totalmente perdido
bem no meio da minha cama.
É noite.
Saio com uma garrafa de vodka
que deixaram aqui outra noite. É boa.
De marca. Tem ainda 1/4.
Dois malandros,
ao avistar a garrafa um deles grita:
E aí irmão!
Eu não respondo, eu sei o que eles querem.
Eu não lhes darei nada, eles podem vir tentar pegar
se quiserem.
Eles desistem,
eu não ligo.
Haverão outros em duas quadras.
Eu também não ligarei.
Bebo.

A noite é longa, tenha isso em mente

Bem, em casa não é possível
estar pra sempre,
então saio para um bar,
é noite,
eu levo uma
garrafa de vodka pela metade,
que alguém esqueceu
aqui,
Natasha.
Ganho as ruas,
eu conheço as esquinas.
- Hei mano - grita um
maloqueiro do outro lado da rua.
Eles vêm em dois,
querem um gole
ou uma moeda
ou qualquer coisa que puderem
levar.
Eu só digo um "não", num tom
mais grave
e fica tudo
por isso mesmo.
Eu não os culpo nem nada,
mas se eu me abaixar para os
primeiros
que aparecerem,
não sobrará
nada de mim,
antes
do final.

O hábito do tédio

Somos eu e as paredes,
e o computador é o meu robô que
simula tudo.
Ouvir música à essa altura já não é agradável,
prefiro velar o silêncio.

Deitado ouço os ônibus
à cada quinze minutos,
e carros e motos diminuem
conforme a noite avança,
ouço meu próprio eco na casa,
e na cabeça.

Penso nos bares,
penso nas garotas,
penso se faria diferença.
Penso em uma tarde bêbada com os camaradas,
Penso em Arthur Schopenhauer
e Charles Bukowski.

Penso
- Que se dane! Os bares estão
bem perto e cheios de gente
hoje,
não custa nada
dar uma olhada.

domingo, 20 de junho de 2010

Versos

Pouco me importa
Tudo.
Muito, me importa
Pouco.
Você me importa
Muito.
Tudo que importa,
Nulo.
Pouco me importa
Muito.

Bato em sua porta,
Muito.
Responde minhas chamadas,
Pouco.
Beber com os camaradas,
Muito.
Fingir que me importo
Pouco.
Fugir pra onde eu seja
Nulo.

Professora

Professora,
não pude fazer o artigo
que pedistes,
nem vir à algumas aulas,
nem fazer as provas.
Não pense que foi por nada.
Não fiquei com
preguiça ou
procrastinando.
Aqui, escrevi todos esses
poemas.
Não são para a senhora,
e talvez não lhe agredem,
todos,
mas são de coração.

A coisa

A preguiça me insentiva
a sair de pijama pela vizinhança
pra comprar alguns suprimentos.
A mulher do bar da esquina vende
vinho Molon e uma cachaça chamada
Chinoca Minha, litros e litros. E tem
as unhas pintadas na sequência:
uma verde, uma amarela.
Umas pessoas se reúnem por esses lugares,
por todos os lados,
e assistem a jogos de futebol e bebem.
Em algum lugar estão produzindo
televisões enormes
em quantidades enormes
e litros e mais litros
de coca-cola, de cerveja,
e nos vendem essas coisas
a todo o momento, em toda a parte.
E na televisão estão vendendo televisões,
mais televisões,
televisões maiores.
A gente toda reunida da risada.

domingo, 13 de junho de 2010

Assassínos de aluguel

Crianças, jovens e adultos.
Garantimos discrição.

Não pense muito, nós já o fizemos.
Está nas bibliotecas.
Não perca tempo com bobagens,
Olhe no índice, pegue só o que importa.

Consciência tranqüila.
Não é por maldade nem por prazer.
Nós simplesmente nascemos

com a consciência limpa.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Tortura

Fones no ouvido, olhar atento, o pensamento
saltitante, volta-e-meia atendo-se a algo e aprofundando-se.
Assim sigo por essas cidades cheias de homens de piças tortas.
Piças "entortadas" por cuecas que nos puseram desde criança...
Cuecas essas que colocamos hoje por nós mesmos.
E vejo as vidas sendo levadas assim o tempo todo, como
piças entortadas.
Não precisamos que nos mandem entortar nossas vidas ou nossas piças,
somos crescidos e reponssáveis.
Olho pros lados e vejo todo mundo dançando
essa música ruim. Bebendo
nos bares, dormindo pouco, parando
diante de televisões ou tomando pílulas prescritas:
Vejo vidas catalogadas.
A vontade que me da é de mandar enfiar
a piça torta e a vida inteira
No cu!

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Violência

E aqui estou novamente,
ou melhor, ainda.
debaixo desse céu azul
debaixo desse telhado cinza
debaixo desse forro branco
debaixo dessa porra toda

A Televisão me mostra a violência dos outros.
Grandes motores de carros passam lá fora, violentos.
Usinas, empresas, megafones, propagandas, empregos, e guerra dos EUA.

Tatuagem: violência
Piercing: violência
Peito de silicone: violência
Comer carne: violência

Ser acordado pelo despertador: violência
Intenso porre de cachaça = auto-envenenamento: auto-violência
Barbear-se: auto-violência
Bulimia: auto-violência
Coito interruptus: auto-violência

segunda-feira, 29 de março de 2010

"Aniverssário A-zalento"

Reunião da gurizada numa casa na colônia. A idéia foi dos A-zal! (Filipe e Tiago) que já têm o costume de "acampar" por lá há anos. O motivo foi comemorar o aniverssário deles.
O resultado foi um final de semana ótimo. Muita música, tragos, rangos improvisados, grama, céu, riacho, papos, risos... Aqui postei uma porção de fotos e um video de alguns momentos dessa curtida.
Pesosalmente posso dizer que fazia horas que eu não, simplesmente, relaxava, e, como disse a Bruna "ficava em dia com a natureza".
Um abraço pra todos.

OBS: clica nas fotos pra ampliar
OBS²: na volta, eu e a carol que fomos de moto, conseguimos fazer a proeza de errar o caminho tomando um desvio por dentro da colônia que nos levou do Grupelli até Arroio do Padre, saindo na BR116 ( oO ). Depois de quase 4hrs dirigindo é que fomos chegar em casa com as bundas quadradas. Mas não extressamos. Os familiares é que ficaram preocupados.





















































































































quarta-feira, 24 de março de 2010

Ficando duro

Semestre novo
de um ano novo
na faculdade.

Garotas novas
loucas pra descobrir
mil coisas novas
depois da aula.

Vestidas premeditadamente,
cheirosas,
sorridentes e prontas
pra uma festa.

E eu
lendo um texto sonolento,
ouvindo risos e conversas
pela janela,

Sem vontade de sair,
nem de fazer
nada.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Esses blocos de pedra, desinteressantes, que oprimem uns aos outros e a si mesmos, nas casas e nos prédios e nas calçadas...

Ele apenas diz quando não está afim:
- Não quero! - ou então - Ah, que bobagem!
Diz isso, ou melhor, ralha, com intenção de paz ou alivio para si.
Mas ela sempre tenta
novamente, e
às vezes
começa a contar sobre as meninas do trabalho, ou
qualquer
coisa do seu dia, e
ele fica olhando para a televisão com cara de quem
escuta...
-Escuta. - ela diz em tom calmo e suplicante e
fica estática até que ele vire-se para ela.
Então ele olha para ela,
faz força pra acalmar-se.
Ela (re)começa empolgada, mas depois,
depois do desdém, do incômodo espinhoso dele,
as palavras caem moles de sua boca, sem cor, significado ou
importância...
ela sente
como que uma adrenalina que dispara o coração,
uma taquicardia, só que
acompanhada
de algo profundamente
desagradável.
Uma mágoa que não se sabe se é de si
ou do outro, se é de agora ou de antes,
e que anula o valor dos objetos e das pessoas, e
dela,
que parece insuportável
que parece que vai sugá-la e compactá-la
esmagá-la...
e parece realmente
insuportável,
mas ela suporta. E as vezes até termina de falar.
E depois que ele a fere sente-se mal, às vezes
volta atrás, às vezes volta
pra televisão.
E parece opressor e insuportável,
mas ele também suporta.
E eles suportam,
aguentam firme,
suprimem-se
e viram blocos ipenetrantes e impenetráveis e
desinteressantes...
E todos os dias eles são
NORMAIS. Na fila
do banco, nas ruas, no sinal
de trânsito, esperando
por algo,
ansiando,
sentados no sofá,
preocupados com as contas,
eles são comuns e a vida é
assim, eles
pensam.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Razões


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sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Cabe cada vez menos Deus no mundo



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