quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Dois Problemas

Quem dera fosse uma porta
E não criasse expectativa
E pudera pender morta
Só ficasse ali não viva
Os amores e alegrias
Cá em vida não têm a ver
Antes dores e agonias
Já dizia Schopenhauer
O leitor desculpe forçar a rima
Não sou poeta, eis um problema
Mas paciência, entra no clima
Que eu conto o outro dilema
Quem me conhece sabe que minto
Quero mesmo é sorrir
Que o pranto cesse. E o que sinto
Está escrito a seguir
Se disse querer a morte
Foi por conta de um desejo
De ser feliz, de ter a sorte
Que sem mais se foi ao brejo
A vontade não tem jeito
Triste é o bicho desejoso
Essa bandida em seu peito
O torna brabo e penoso
Eu queria ser poeta
E brincar com as palavras
Escrever em linha reta
E troçar das coisas brabas
Pra não me chamarem de prolixo
Ou até de desatento
Vou deixar aqui bem fixo
Os dois problemas que apresento:
O primeiro é o de poeta
Para tal não levo jeito
Porém essa é a meta
A que em vida fui eleito
O segundo é o da vontade
Que faz de nós humanos
Pois tu sem dificuldade
Me encontra a fazer planos
Sou escravo da vontade
Com ela eu namoro
Sou escravo alforriado
Longe dela é que eu choro
Também sou equilibrado
Não me entrego assim ao vício
Na virtude sou honrado
Mas a vontade é meu ofício
Água fresca e sombra boa
E a morena do meu lado
Se eu mudar estou perdido
Pra essas coisas fui gerado
E se me encontro impedido
De beijar a minha amada
Ou de gozar a liberdade
Escrevo coisas para cada
Eu cortejo à vontade
E como são belos os meus gestos
No papel, de madrugada
Me da vontade de escrever
Escrevo a vontade impedida
E se ninguém gostar eu choro
E escrevo a lágrima caída
Eu sigo duelando
Eu duelo com caneta
É a vontade me chamando
É eu querendo ser poeta
Os dois problemas se misturam
E solucionam um ao outro
E esses dois circulos circulam
E circundando a minha vida
São problemas e não são
São dois pontos
De chegada e de partida
De manhã ela acorda
Pra saber que eu não dormi
Abro a capa pela borda
E mostro a ela o que escrevi
Ganho primeio um sorriso
E depois um beijo doce
Ando descalço pelo piso
E vou como se tivesse a posse
Do segredo do enigma
Não dos dois problemas lá do título
Que agora são sofismas
Mas do grande teorema
De o que se fazer da vida

2 comentários:

  1. "E se ninguém gostar eu choro
    E escrevo a lágrima caída"

    igual criança.. rs

    é dificil seguir em um pensamento só?

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  2. ta bem bom, rima rima rima, cheio da rima, parece o nego drama mas tem um erro na primeira frase, o tempo verbal de ser não coincide com o tempo verbal de ficasse, o correto seria fosse, ou ficar:
    "quem dera 'fosse' uma porta
    e não 'criasse' hortaliças"

    ou

    "quem me dera 'ser' uma porta
    e não 'criar' essimundissa"

    um abraço poeteiro

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